Dia 2
Após um período livre para passeio ou compras na cidade, saímos cerca das 11h30 para o almoço numa quinta de criação de avestruzes.
Aí chegados, a surpresa era a apresentação de um 911 na versão Paris Dakar, que foi guiado pelo conhecido piloto belga Jackie Ickx, nas cores oficiais Rothmans. Tempo para fotografias, entra e sai, o habitual.
O almoço, servido ao ar livre, à volta de uma cozinha que mais não era que o representar de uma fogueira no meio de uma tribo africana. Muito engraçado e um belo almoço, com uns suculentos bifes de avestruz como prato principal. No fim, uma visita curta à criação de avestruzes (e crocodilos à mistura) e “ala” para o circuito!
O circuito dos nossos encantos é um pequeno circuito, tipo Braga, chamado Killarney Raceway. Aqui aguardavam-nos cerca de 40 Porsches 991, de tipo Carrera S (todos com PTV, disco cerâmicos, jantes de 20’’, sport plus e patilhas no volante, tudo a que se tem direito) novinhos em folha (o primeiro em que andei marcava 1400 KM), divididos em grupos de seis carros e com um instrutor à frente. Dizer que estes “instrutores” são os ensaiadores da fábrica em Weissack… O chefe era já nosso conhecido, pois foi com ele que andámos em Leipzig (no Cayenne GTS e no GT3 Cup) na viagem particular que organizámos com o Mário Barroso.
E dito isto, sem tempo a perder, duas pessoas por carro e o mesmo “modus operandi” de Leipzig. As primeiras duas voltas para habituação e conhecimento do traçado, de seguida aumento progressivo do ritmo com troca do carro que segue o instrutor, a cada volta, permitindo assim que todos pudessem fazer umas voltas atrás dele, para melhor perceber as trajectórias, pontos de travagem e outros.
Findas umas 7/8 voltas, paragem na box para trocar de piloto e nova série de voltas, com ritmos sempre progressivamente elevados e com o instrutor a dar indicações e corrigir eventuais erros.
Após estas 4 séries, foi altura de parar, retemperar do esforço (esforço?!?) e seguir para a pista de karting ao lado, onde efectuámos uma corrida por equipas. Eu fiz equipa com o representante de Luxemburgo e apesar de sermos os mais anafados (ele sempre pesava 120 kg) ainda fizemos terceiro lugar entre as seis equipas – claro que com a nossa relação peso/potência fomos os melhores…! Nova paragem para uns refrescos e um snack.
A surpresa veio a seguir: iam haver mais uns turnos de condução. Nos últimos 2 turnos, a coisa foi mais séria, com andamentos a fundo, como se de uma corrida se tratasse, embora sem ultrapassagens, que afastou alguns participantes (“era demasiadamente rápido”, disseram uns, “perigoso”, disse outro…) Enfim, dá Deus nozes a quem não tem dentes.
A sensação de guiar estes carros é algo de indescritível, muito longe de qualquer outro, 997 incluído. As diferenças mais significativas são o desaparecimento do rolamento da frente, ou seja, basicamente, mesmo em entradas em curva exageradas, o carro não sai de frente – obra do PTV ( que trava a roda traseira interior ), de vias frontais mais largas e do PDCC ( controle dinâmico do chassis ), uma capacidade a curvar inacreditável (vimos marcar 1.2g no mostrador, em curva).
A direcção eléctrica é desconcertante – leve, não transmite as irregularidades do piso, mas de tal maneira precisa e incisiva que não tem paralelo.
O som deste motor, quando se acelera a fundo, é bombástico, com entrega de potência excepcional e subindo até às 7800 rpm sem qualquer reticência.
Da caixa PDK, afinada especificamente para este motor, que dizer? Simplesmente sublime, entusiasmante, brilhante… Ainda melhor do que tinha experimentado no 997 Turbo e Panamera Turbo. Para além das passagens em milissegundos, as duplas a reduzir e as passagens a subir, só podem ser comparadas com uma caixa sequencial de competição e o som exterior, para quem está a assistir garanto-vos que é o mesmo.
Dos travões cerâmicos, estamos conversados… Desacelerações fantásticas e zero de fadiga. O único limite poderão ser os pneus, no caso Pirelli P Zero, que ao fim de 7/8 voltas a fundo começam a “manteigar” um pouco (por isso se parava nas boxes para arrefecer e trocar de piloto).
De tudo o que escrevi atrás vos digo que este 991 é outra geração de carros, nada tem a ver com as séries anteriores excepto no formato e no logotipo. É de tal forma fácil de guiar e pilotar, que qualquer um se vai julgar um Walter Rohl… Absolutamente sublime.
E se este carro é muito bom, nas conversas de box com os instrutores/ensaiadores da casa revelaram que o chassis do próximo GT3 (já pronto) é ainda melhor que este e diferente, sendo o próximo Turbo também diferente de qualquer destes dois – garantiram-nos que as afinações do chassis/suspensões são ainda mais agressivos e com o motor a rondar os 560 CV! – ai ai, coração…
Para finalizar o dia, o jantar decorreu na Casa Presidencial, onde viveu Nelson Mandela, enquanto presidente. Trata-se de uma mansão estilo “Old English”, com grandes relvados em socalco, simplesmente fabulosa – foi mandada construir nos meados do século pelo milionário dono da De Beers.
Durante o jantar, tivemos oportunidade de trocar uma palavras (e umas fotos, of course) com o CEO da casa, Matthias Muller e com o Dr. Wolfgang Porsche, sempre simpáticos com os seus convidados.